Paulo Cezar S. Ventura

Sou feliz por opção e bem humorado por obrigação

Textos

OS AMIGOS E A OBSESSÃO

Quais as minhas obsessões, perguntaram-me. Todos têm pelo menos uma pequena obsessão, disseram-me. A esta altura da vida, o que seria uma obsessão? Teria feito alguma diferença em minha vida se eu houvesse tido uma, em algum momento da vida?

 

Fui ao dicionário pesquisar as várias significações da palavra e encontrei algumas. Vejam:

        i. Preocupação exagerada com alguma coisa; apego excessivo a uma mesma ideia fixa. Nunca tive ideia fixa com nada. Aprendi cedo o desapego com as coisas, a fazer dar certo, mas se não der tenta-se outra coisa.

        ii. Compulsão; necessidade intensa para fazer algo ilógico ou insensato: a obsessão pelo dinheiro. Nunca fui insensato. Aliás, penso que sempre fui sensato demais. Nunca cometi uma loucura grande, só pequenas loucuras. Apego ao dinheiro? Não tenho e até penso que isto seja um defeito. O dinheiro vaza rápido do meu bolso.

        iii. Impertinência; ato de aborrecer alguém com solicitações insistentes. Se percebo que aborreço alguém, saio correndo de perto. Pode até acontecer de eu nunca mais procurar a pessoa pelo fato dela sentir-se aborrecida com a minha presença. Não me permito ser inconveniente nem desrespeitoso.

       iv. Neurose obsessiva-compulsiva que se define pelos pensamentos, repetitivos e compulsivos. Esse é o limite superior da obsessão. Se não tive pequenas obsessões, passei longe das obsessiva-compulsivas.

 

O que eu sempre procurei na vida foi estar disponível para os amigos mais chegados, eles são poucos, estar sempre de bom humor e ter a alegria como companheira. Perturbar pessoas não é meu estilo. Sempre tive muitos amigos, muitas namoradas também. No entanto, nunca forcei minha presença, nunca agi contra a vontade dessas pessoas. Tenho por norma que fico melhor ainda se as pessoas próximas a mim, estão bem. Felicidade é algo que contamina, então faço o que posso para que pessoas a meu lado tenham seus minutos de felicidade e alegria. Porque isso me ajuda a ter meus momentos de alegria e felicidade. Rir é muito melhor quando se ri junto a alguém. Riso em boa companhia é uma delícia.

 

E não é que acabei encontrando minha pequena obsessão? Exatamente o que descrevi acima. Fazer os amigos felizes porque isso me ajuda a ser feliz. Isso a gente consegue com amigos e com a pessoa amada. Semana passada, em uma palestra para jovens do Ensino Médio de uma escola, disse que uma das coisas que nos ajudam a ser felizes é ver a pessoa amada feliz. Precisamos, então, fazer o possível para que ela seja feliz.

 

Sempre fui assim? Claro que não. Já tive meus momentos de pessoa egoísta. Paguei o preço disso. E não é barato. Hoje eu, pessoa idosa, aprendi que a alegria e a felicidade aparecem em curtos momentos e em situações de convívio coletivo. Pessoas alegres precisam estar juntas para que a alegria perdure e os momentos de felicidade se prolonguem além do inefável. E isso se faz com os amigos.

 

 

Paulo Cezar S Ventura
Enviado por Paulo Cezar S Ventura em 16/11/2022
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